sexta-feira, 30 de maio de 2008

O “JESUS” QUE JESUS NÃO CONHECE!



Todos os dias encontro pessoas que vivem como bem entendem, mas desejam assim mesmo as bênçãos do Evangelho.

O ardil é simples:

A pessoa não lê a Palavra [exceto em reuniões públicas e a fim de basear o discurso de algum pregador], não conhece Jesus [exceto como nome poderoso nas bocas dos faladores de Deus], não ora [exceto dando gritos de apoio às orações coletivas], não pratica a Palavra [exceto a palavra do profeta do grupo, ou do bispo ou autoridade religiosa da prosperidade ou da maldição], não se compromete com o Evangelho [exceto como dízimo e dinheiro no “Banco de Deus”: a “igreja”]; e, de Jesus, nada sabe; pois, de fato, nada Dele experimenta [exceto como medo].

Entretanto, a pessoa fica pensando que o Evangelho que ela nem sabe o que é haverá de abençoá-la em razão de que ela está sempre no “endereço de Deus”: o templo da “igreja”.

Assim, vivem como pagãos em nome “de um certo Jesus” que não é Jesus conforme o Evangelho; e, mesmo assim, seguem “um evangelho” que não é Evangelho, para, então, depois de um tempo, acharem que o Evangelho não tem poder, posto que acham que já o provaram e de nada adiantou; sem saberem que de fato deram suas vidas a uma miragem, a um estelionato, a uma fantasia de “Deus”.

Milhões pronunciam o nome de Jesus, mas poucos o conhecem numa relação pessoal!

Na realidade o que vejo são pessoas estudando teologia sem conhecerem a Deus; entregando-se ao ministério sem experiência do amor de Deus em si mesmas; brigando pela “igreja” [como grupo de afinidades] sem amarem o Corpo de Cristo em seu real significado; pregando “a mensagem da visão da igreja” julgando que tem algo a ver com a Palavra de Jesus [apenas porque o nome “Jesus” recheia os discursos].

E mais: os que aparentemente sabem o que é o Evangelho e quais são as suas implicações, ou não querem as implicações para as suas vidas pessoais, ou, em outras ocasiões, não querem a sua pratica em razão de que ela acabaria com o “poder” de bruxos que exercem sobre o povo.

Assim, vão se enganando enquanto enganam!

O final é trágico: vivem sem Deus e ensinam as pessoas a viverem na mesma aridez sem Deus na vida!

O amor à Bíblia como livro mágico acabou com o amor à Palavra como espírito e vida!

Não se lê mais a Palavra. As pessoas levam a Bíblia aos “cultos” apenas para figurar na coreografia e na cenografia da reunião — nada mais!

Oração em casa, sozinho, com a porta fechada, e como algo do amor e da intimidade com Deus, quase mais ninguém pratica!

Ora, enquanto as pessoas não voltarem a ler a Palavra, especialmente o Novo Testamento, jamais crescerão em entendimento e jamais provarão o beneficio do Evangelho como Boa Nova em suas vidas.

Há até os que depois de um tempo julgam que o Evangelho é fracassado em razão da “igreja” estar fracassada.

Para tais pessoas a “igreja” não é apenas a “representante de Deus”, mas, também, é o próprio Evangelho!

Que tragédia: um Deus que se faz representar pelo coletivo da doença do “Cristianismo” e que tem “igreja” a encarnação de um evangelho que é a própria negação do ensino de Jesus!

O que esperar como bem para tal povo?

Ora, se não tiverem o entendimento aberto, o que lhes aguarda é apenas frustração, tristeza e profundo cinismo.

Quem puder entender o que aqui digo, faço-o para o seu próprio bem!


Nele, que não é quem dizem que Ele é,


Caio

terça-feira, 27 de maio de 2008

Construir ou destruir?



Desde que Adão coseu folhas de figueira para cobrir a sua nudez (Gn 3:7), os homens não pararam mais de construir coisas. Sim, imediatamente após se abrirem os olhos do primeiro casal, eles se viram desprotegidos, ameaçados carentes de cobertura. Começando com frágeis folhas de figueiras; passando por madeira de acácia que formou uma enorme arca, para salvar uma família e casais de cada espécie animal; prosseguindo com tijolos bem cozidos e calafetados com betume, para resistir a inundações e atingir o céu, de forma que pudessem permanecer juntos e engrandecer seu nome; evoluíram a ponto de construir templos de pedra, bronze, prata, ouro e peles de animais; e atualmente empregamos concreto, aço e vidro para arranhar os céus.
Interessante notar que tudo começou com o desejo de ser como Deus (Gn 3:5-6). O homem estava em um ambiente perfeito, no seu habitat natural, não tinha nenhum tipo de necessidade, e não carecia de qualquer espécie de cobertura para lhe dar proteção, não havia elementos hostis, o clima era perfeito, sem agentes nocivos a sua saúde, sem acidentes naturais que pudessem ameaçá-lo, desfrutava da presença constante de seu Criador, que o visitava todas as tardes para lhe fazer companhia e ensiná-lo tudo o que ele precisasse saber. Mas, o homem foi seduzido pela promessa da serpente, de que poderia ser como Deus, conhecedor do bem e do mal, e tentado permitiu que nascesse nele a cobiça e movido pela cobiça de transpor o humano, o natural e atingir a divindade, ele pecou.
Imediatamente após pecar, recebeu a capacidade de saber o bem e o mal. Contudo, o homem não havia sido criado para conhecer estas coisas, foi planejado para ser inocente, não havia na natureza humana a capacidade de conhecer o bem e o mal sem ser por eles afetado, o homem foi instantaneamente permeado pela ambígua natureza do fruto daquela árvore, conheceu o bem sem a capacidade de efetuá-lo e descobriu o mal sem o poder de evitá-lo. Desta forma, seus olhos foram abertos para o fato de que ele havia cometido uma transgressão, e percebeu que a morte habitava em seu corpo, cheio de vergonha ele constrói pela primeira vez um artefato que pudesse esconder sua incapacidade, e protege-lo, pelo menos assim ele pensava, ainda não fazia idéia de o quanto a sua decisão afetaria o seu ambiente, e do quanto aquela sua solução, para cobrir e proteger seu corpo, era ineficaz.
Desde então o homem busca construir fortalezas cada vez maiores e mais fortes para afasta-lo da terra que o lembra de sua maldição, e se aproximar do paraíso que foi sua morada original. Mas assim como as folhas de figueira que formaram suas primeiras vestes eram impróprias, toda construção humana se reveste da mesma incapacidade de cobrir seu pecado e sua morte. Ao ver a infantil veste feita pelo homem para cobrir sua vergonha, Deus provê para ele uma cobertura adequada, roupas de pele, eu poderia fazer aqui um longo discurso sobre como este ato de Deus serve como um tipo para o sacrifício de Cristo que cobriria definitivamente a nossa vergonha, mas creio que seja desnecessário falar sobre o óbvio. Quero enfatizar o fato de que nenhum esforço humano, seja ele coser folhas de figueira, ou construir templos para milhares de fiéis, seja construir um padrão de comportamento exemplar, que o afaste de tudo aquilo que ele considera pecaminoso, ou aceitar uma doutrina teológica. Todos estes, e tudo mais, são esforços inúteis de uma raça caída, são tentativas vãs de se redimir por seus próprio méritos.
O verbo no hebraico para conhecer é Iala´át, que possui uma conotação emocional, ou seja, conhecer não é apenas um fenômeno mental, conhecer neste caso é envolver-se emocionalmente com algo, quando é dito que Adão conheceu Eva, no capítulo 4 e verso 1, o verbo indica um envolvimento emocional, da mesma forma, que conhecer o bem e o mal é envolver-se com eles. Mais que apenas ter ciência do que é o bem e o mal, conhecer é ter desejo por ambos. Por isso, Jesus disse que se no coração desejamos algo proibido já cometemos pecado, porque o que se deseja é algo que está impregnado em nós.
Mas quando o homem conheceu o bem e o mal ele se tornou capaz não só de construir, mas também de destruir, e por incrível que pareça, é destruindo que o homem pode ser restaurado, porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, e aniquilarei a sabedoria o entendimento dos entendidos. (1 Co 1:19). Parece loucura mas: a palavra da cruz é deveras loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. (1 Co 1:18). É destruindo suas tentativas de se auto-justificar, destruindo todo conhecimento humano, todo esforço de se redimir, de se desculpar, de se proteger, que o homem pode finalmente confiar apenas no amor de Deus, amor que foi revelado em Cristo: Nisto se manifestou o amor de Deus para conosco: em que Deus enviou seu Filho unigênito ao mundo, para que por meio dele vivamos. (1 Jo 4:9).
Destruir nossos castelos, nossas torres, nossos templos (Jo 2:19), nossas religiões, e confiar apenas na provisão de Deus é algo muito difícil para uma raça acostumada a se esforçar para reaver sua posição original. Uma raça que foi contaminada com o desejo de querer ser como Deus. Mesmo entre aqueles que crêem em Cristo, muitos são os que não se contentam com o sacrifício do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo, estão sempre se esforçando para alcançar a benção, sempre pagando um preço pela unção. Precisam cumprir uma série de normas comportamentais e uma infinidade de pequenos rituais que saciem a sua sede de justiça própria. Contudo, se quisermos seguir a natureza adâmica que clama por construir coberturas para si mesmo, e se esconder atrás de árvores do jardim, ao invés de nos apresentarmos nus diante daquele que pode nos redimir, seremos sempre uma raça caída. Mas se mortificarmos as obras da carne, não assumindo um ascetismo religioso, mas destruindo toda obra carnal que vise alcançar a salvação ou pagar a graça de Deus, e nos firmarmos em nossa nova natureza gerada em Cristo Jesus, uma natureza que confia unicamente em Deus, seremos libertos do pecado, não por nossos esforços, mas pela obra consumada na cruz do Calvário. Não por nossa capacidade de construir, mas pela nossa capacidade de destruir nosso abrigos e coberturas e nos abrigarmos sob o sangue do Cordeiro, que foi morto antes da fundação do mundo, para que por ele vivêssemos, se assim o fizermos e se com a a boca confessarmos a Jesus como Senhor, e em nosso coração crermos que Deus o ressuscitou dentre os mortos, seremos salvos. Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. (Rm 8:1).

Jerry

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Tu o dizes




Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca.
Isaías 53:7
E foi Jesus apresentado ao presidente, e o presidente o interrogou, dizendo: És tu o Rei dos Judeus? E disse-lhe Jesus: Tu o dizes.
E, sendo acusado pelos príncipes dos sacerdotes e pelos anciãos, nada respondeu.
Disse-lhe então Pilatos: Não ouves quanto testificam contra ti?
E nem uma palavra lhe respondeu, de sorte que o presidente estava muito maravilhado.
Mateus 27:11-14


Tu o dizes, isto é tudo que Pilatos ouviu da boca de Jesus. Uma resposta intrigante, que nada responde, mas que tudo diz. Jesus não permaneceu calado para cumprir a profecia, como se ele fosse obrigado a agir conforme uma regra anterior para provar que era o Messias, esta é uma noção errada que temos de como funciona o cumprimento das profecias na pessoa de Cristo. Na verdade as profecias eram visões de algo que aconteceria no futuro, assim sendo a profecia é um olhar para o que está por vir, quando dizemos que se cumpriu a profecia, dizemos que aquilo que foi visto foi atestado como verdadeiro, ou seja, o profeta é confirmado como um verdadeiro vidente do Senhor. Assim sendo a profecia só existiu porque o profeta anteviu o que Jesus faria diante de seus acusadores. Isaias podia assistir a cena de Jesus sendo injuriado, caluniado e desprezado sem abrir a sua boca para se defender ou reclamar.
Não sou Isaias, não posso contemplar a cena, exceto com uma boa dose de imaginação, estimulada pelos relatos dos evangelistas. Mas uma coisa eu posso fazer, posso olhar para o texto que diz: “Tende em vós aquele sentimento que houve também em Cristo Jesus” (Fp 2:5). E diante da visão deste texto posso concluir que ter em nós o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus não é nada fácil, é necessário um esforço sobre-humano, diria até mesmo sobrenatural, para agüentar calado falsas acusações contra si. Felizmente esta não é uma opção, é algo que aqueles que querem seguir a Jesus têm que acatar, por mais difícil que possa ser. Apesar de vivermos numa época em que os discípulos se arrogam o direito de exigirem de seu Mestre certas “promessas” como: prosperidade, saúde perfeita, sucesso, e muitas outras “bênçãos” baseados em sua conduta exemplar, como o fato de serem fieis dizimistas, freqüentadores assíduos dos cultos institucionais, proclamadores profissionais do nome de Jesus. Não existe da parte de Jesus tais promessas para seus seguidores, o que há é a ecoante ordem: quem quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, tome sua cruz, e siga-me”.
Muitos “seguidores” se comportam mais como bodes esperneantes e barulhentos do que como ovelhas mudas perante seus tosquiadores. Armam barracos, tiram satisfações, saem no tapa e vão até perante a justiça cobrar seus direitos, querem na verdade que Jesus os siga para onde eles quiserem ir, não estão dispostos a abrirem mão de nada. Para estes a religião se tornou um passaporte para o céu, e a igreja se constitui em uma espécie de arca de Noé, como se apenas o fato de estar dentro das suas paredes lhes garantisse a salvação. Para os tais os atalhos são sempre mais atraentes que o Caminho. Desconhecem o fato de que atalhos sempre levam a perdição. Quem não estiver disposto a se calar e sofrer o dano, ser injustiçado, caluniado e difamado por amor de Cristo, não é digno de Cristo. Quanto a mim quero aprender que somos chamados também ao sofrimento, quero aprender a dar a resposta de Cristo, uma resposta que nada diz, mas transfere toda a responsabilidade do que é dito para quem acusa, decido hoje que tudo o que tenho a dizer diante de afrontas e acusações é: Tu o dizes!
Jerry

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Deficiências

"Deficiente" é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
"Louco" é quem não procura ser feliz com o que possui..

"Cego" é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.

"Surdo" é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.

"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.

Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:

"Miseráveis" são todos que não conseguem falar com Deus.

"A amizade é um amor que nunca morre. "

Mário Quintana.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Almas perfumadas


Tem gente que tem cheiro de passarinho quando canta. De sol quando acorda. De flor quando ri. Ao lado delas, a gente se sente no balanço de uma rede que dança gostoso numa tarde grande, sem relógio e sem agenda. Ao lado delas, a gente se sente comendo pipoca na praça. Lambuzando o queixo de sorvete. Melando os dedos com algodão doce da cor mais doce que tem pra escolher. O tempo é outro. E a vida fica com a cara que ela tem de verdade, mas que a gente desaprende de ver.Tem gente que tem cheiro de colo de Deus. De banho de mar quando a água é quente e o céu é azul. Ao lado delas, a gente sabe que os anjos existem e que alguns são invisíveis. Ao lado delas, a gente se sente chegando em casa e trocando o salto pelo chinelo. Sonhando a maior tolice do mundo com o gozo de quem não liga pra isso. Ao lado delas,pode ser abril, mas parece manhã de Natal do tempo em que a gente acordava e encontrava o presente do Papai Noel.Tem gente que tem cheiro das estrelas que Deus acendeu no céu e daquelas que conseguimos acender na Terra. Ao lado delas, a gente não acha que o amor é possível, a gente tem certeza. Ao lado delas, a gente se sente visitando um lugar feito de alegria. Recebendo um buquê de carinhos. Abraçando um filhote de urso panda. Tocando com os olhos os olhos da paz. Ao lado delas, saboreamos a delícia do toque suave que sua presença sopra no nosso coração.Tem gente que tem cheiro de cafuné sem pressa. Do brinquedo que a gente não largava. Do acalanto que o silêncio canta. De passeio no jardim. Ao lado delas, a gente percebe que a sensualidade é um perfume que vem de dentro e que a atração que realmente nos move não passa só pelo corpo. Corre em outras veias. Pulsa em outro lugar. Ao lado delas, a gente lembra que no instante em que rimos Deus está dançando conosco de rostinho colado. E a gente ri grande que nem menino arteiro. Tem gente que nem percebe como tem a alma Perfumada! E esse perfume é dom de Deus.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Peregrino


Existe um Caminho que eu desejo seguir. Nele importa muito pouco o que carregamos, ou como nos vestimos, e nos expressamos. No Caminho que tenho andado, poucos andam, pois apertada é a porta e estreito é o seu curso. Aqueles que quiserem andar por este caminho não precisam ser reconhecidos por seus feitos, mas precisam fazer conhecidos os feitos do Caminho que trilham. A vida dos que estão nesta senda não existe mais, vivem uma vida outorgada pelo próprio Caminho. Trata-se de uma vida abundante, exuberante, mas itinerante, muitas vezes não há lugar para repousar a cabeça, senão nos ombros do próprio Caminho. Assim sendo, não é sábio ter muitas posses, pois elas certamente atrapalhariam a caminhada, todas as riquezas do Caminho estão no final de seu percurso, e só aqueles que perseverarem até o fim poderão contemplá-las.
Não existem espelhos no Caminho, porque nele a vaidade não se aventura a andar. Quem quiser contemplar o seu próprio rosto natural logo se esquecerá dele, mas aqueles que fitam seus olhos na face do Caminho nunca mais esquecerão a beleza da liberdade, e será tido por bem-aventurado. Aqueles que são chamados a este Caminho seguem seguros, tendo sempre à sua frente um bom pastor que os conhece e trata pelo nome, a este eles ouvem a voz e se deleitam nela. Não há lugar para julgamentos no Caminho, pois ecoa sobre as cabeças do que caminham nele uma voz que saiu do próprio Caminho: “NÃO julgueis, para que não sejais julgados.”Em muitos momentos a caminhada parece solitária, mas aqueles que conhecem a sua vocação se satisfazem com a companhia do próprio Caminho. Não se trata de uma estrada, fixa, com placas de sinalização e com curvas e retas pré-definidas, e quem anda pelo Caminho deve estar bem consciente do fato de que não devem seguir outros caminhantes, pois pode se dar o fato de que ao tentar faze-lo se perca o mais importante aspecto do Caminho, que é a singularidade de seu percurso. O Caminho é Verdade e Vida. Não se pode caminhar por ele com falsidades, ou representando, pois a mentira é atalho para fora do Caminho. Tampouco é possível tentar se apegar própria vida, pois a única vida que resiste ao percurso é a vida do próprio Caminho. Finalmente, olhando para trás no Caminho, vejo aberta ainda aquela porta estreita pela qual passei, e sobre ela pendente ainda uma placa que diz: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.”
Jerry

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Palavra de Despedida


Faço saber, a quem interessar possa, que me desliguei da Igreja Batista Nacional do Vale do Jatobá, nesta terça-feira 06 de maio de 2008. Desde então, não sou mais pastor naquela casa, não sendo mais responsável pelo ministério com os jovens, e também não respondo mais como líder do ministério de Missões. Toda e qualquer ligação institucional com a IBNVJ foi rompida naquela data. Evidentemente, os laços de amizade verdadeiros que fiz durante o tempo que ali permaneci, jamais serão desfeitos, estou cônscio que aqueles que só se relacionavam comigo devido a minha posição na IBNVJ nunca tiveram quaisquer tipos de laços comigo, para estes nada tenho a dizer. Mas para aqueles que de alguma forma sentem sinceramente a minha saída quero deixar algumas palavras de esclarecimento.
Em primeiro lugar, tenho que dizer que o desejo de meu coração é que nenhuma ovelha daquele aprisco sinta-se tentada a deixar a proteção e o cuidado pastoral que ali recebem, para se aventurarem a me seguir. Ali cheguei com minha esposa e saio levando comigo apenas minha amada e nossos dois lindos filhos, que recebemos do Senhor enquanto ali estávamos. Creio que Deus encaminha seus filhos para o lugar onde melhor serão cuidados, e por isso, estou convicto que todos os que são membros da IBNVJ estão bem encaminhados pelo Senhor para aquele lugar, e ali estão recebendo o cuidado e o alimento necessários para que possam crescer na fé e no conhecimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Repito, não levo comigo em minha caminhada, ninguém exceto minha família.
Quanto aos motivos que me levaram a tomar esta decisão, devo dizer que são muitos, mas que nenhum deles podem ser explicados aqui, pois são resultados de meu relacionamento íntimo e pessoal com Deus. Posso dizer que não saio por ressentimento, ou por mágoas, ou por decepções, ou por palavras, nem por qualquer atitude de quem quer que seja. Estes seriam motivos de um covarde, e sou convicto de que não pertenço a essa classe, também não fujo de inimigos, se os tivesse encontrado ali, certamente os teria enfrentado e vencido um por um. Não existem culpados e nem responsáveis pela minha saída da IBNVJ. Tudo o que cabe dizer aqui é que, como diz Salomão: “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu,” (Ec 3:1), poderia eu dizer que há tempo de chegar e tempo de partir. Meu tempo de partir chegou. Para aqueles que gostam de contabilizar ou polemizar tudo, sei que minhas explicações nunca serão suficientes, sei também que os amigos entendem e respeitam sem que nenhuma justificativa seja necessária. Portanto, não serei prolixo em minhas apologias, os amigos sempre estarão comigo, os que desejarem me apedrejar, que usem as pedras que quiserem.
Aos amigos deixo minha história, meu carinho, meu amor, os quais nunca foram fingidos ou forçados. Nunca escondi, e não o farei agora, minha grande paixão por todos vocês. Levarei comigo tudo o que recebi de cada irmão, deixo aberta a porta de meu coração e de minha casa para recebê-los em paz. No Caminho que continuarei a seguir, pois jamais deixarei o meu doce e amado Jesus, espero encontrar velhos conhecidos, e que juntos possamos nos assentar e comer à mesa com o Senhor. Se em algum momento, quer por palavras ou por atitudes, magoei alguém dentre vós, peço humildemente que me perdoem em nome de Jesus. Aos que ficam, desejo todo o bem que possam receber de Deus.
Quanto a mim, tenho um Caminho a seguir, não um novo, o mesmo velho e único caminho. Mas nesse Caminho, cada um segue no seu ritmo, cada qual experimentando aquilo que recebe do próprio Caminho, cada caminhante deve fazer a sua jornada respeitando seus limites e mantendo fixos os olhos no Caminho. Sem jamais se ensoberbecer por estar no Caminho, pois a soberba é parte de um outro caminho. Sem nunca julgar os que vão passando, ou os que estão assentados na beira do Caminho, pois o julgamento também não combina com o que o Caminho nos propõe. Se esforçando por não se esconderem atrás de uma máscara de auto-justificação pois é o Caminho quem nos justifica e não nós que justificamos o Caminho.
Finalmente, amai-vos ardentemente uns aos outros, com um coração puro sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre. Porque toda carne é como erva, e toda a glória do homem, como a flor da erva. Secou-se a erva, e caiu a sua flor; mas a palavra do Senhor permanece para sempre. E esta é a palavra que entre vós foi evangelizada. (1 Pe 1:22-25).
Jerry.

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Wer Bin Ich? Quem Sou Eu?



Quem sou eu? Freqüentemente me dizem

Que saí da confinação da minha cela

De modo calmo, alegre, firme,

Como um cavalheiro da sua mansão.


Quem sou eu? Freqüentemente me dizem

Que falava com meus guardas

De modo livre, amistoso e claro

Como se fossem meus para comandar.

Quem sou eu? Dizem-me também

Que suportei os dias de infortúnio

De modo calmo, sorridente e alegre

Como quem está acostumado a vencer.


Sou, então, realmente tudo aquilo que os outros me dizem?

Ou sou apenas aquilo que sei acerca de mim mesmo?

Inquieto e saudoso e doente, como ave na gaiola,

Lutando pelo fôlego, como se houvesse mãos apertando minha garganta,

Ansiando por cores, por flores, pelas vozes das aves,

Sedento por palavras de bondade, de boa vizinhança

Conturbado na expectativa de grandes eventos,

Tremendo, impotente, por amigos a uma distância infinita,

Cansado e vazio ao orar, ao pensar, ao agir,

Desmaiando, e pronto para dizer adeus a tudo isto?

Quem sou eu? Este, ou o outro?
Sou uma pessoa hoje, e outra amanhã?

Sou as duas ao mesmo tempo? Um hipócrita diante dos outros,

E diante de mim, um fraco, desprezivelmente angustiado?

Ou há alguma coisa ainda em mim como exército derrotado,

Fugindo em debanda da vitória já alcançada?

Quem sou eu? Estas minhas perguntas zombam de mim na solidão.

Seja quem for eu, Tu sabes, ó Deus, que sou Teu!


Dietrich Bonhoeffer.

No Caminho...



...nós estamos falando de caminho, e no caminho "um ao outro ajudou e ao seu próximo disse: Sê forte!"

No caminho um levanta o outro.

No caminho a gente não quer saber quem é o indivíduo caído, a gente só quer saber que ele está caído.

No caminho o samaritano é o herói da história do amor fraternal. E ele não faz perguntas.

No caminho não existe discussão religiosa, no caminho ninguém diz: "Você aceita Jesus antes de eu lhe fazer este bem?".

No caminho ninguém diz: "Os assaltantes o assaltaram porque você não estava com o anjo do Senhor acampado ao seu redor".

No caminho ninguém diz: "Olha se você fizesse a confissão positiva e dissesse: Eu declaro bandido, tu estás amarrado. Ele não teria te assaltado".

No caminho a gente levanta, a gente se dobra, a gente cuida, a gente não faz perguntas, a gente carrega, a gente leva.

No caminho não tem proselitismo, não tem prosa, não tem conversa fiada, tem ação, tem amor, tem misericórdia, tem graça, tem vida, tem gesto.

A maioria de nós está na estrada da religião cristã, poucos de nós estamos andando no caminho de Jesus, e é só quando nos dermos conta disso que temos alguma chance de ser salvo da estrada, para poder, no chão da vida, ver o caminho mudar debaixo de nossos pés. Porque é o caminho da fé que chama o próprio caminho da vida à existência para nós.
Caio.

Sem novo ser humano não há mundo novo

“Caminhando junto ao mar da Galiléia, viu os irmãos Simão e André, que lançavam a rede ao mar, porque eram pescadores. Disse-lhes Jesus: Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens. Então, eles deixaram imediatamente as redes e o seguiram. Pouco mais adiante, viu Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão, que estavam no barco consertando as redes. E logo os chamou. Deixando eles no barco a seu pai Zebedeu com os empregados, seguiram após Jesus”.

Mc 1.16-20


Jesus chama homens de seus ofícios para serem pescadores de homens.
Eles eram pescadores por profissão, sabiam tudo sobre o seu ofício: reconhecer quando era tempo bom para a pesca; localizar cardumes segundo espécies; enfim, nada havia de secreto no mar e no caminho dos peixes para eles.
Jesus os chama para fazer o mesmo em relação aos seres humanos: conhecê-los como conheciam aos peixes e ao seu “habitat”.
Agora eles vão pescar pessoas, e há que conhecê-las e às suas circunstâncias, para tanto.
Então, Jesus, antes de tudo, chama pessoas, para serem seus alunos, com objetivo de os apresentar a seres humanos, de ensinar-lhes sobre a sua espécie, para que a compreendam e, portanto, se compreendam em suas circunstâncias, para que possam entender a beleza e a tragédia humana.
E essa é a missão: trazer as pessoas desta angústia para a possibilidade da beleza plena, como indivíduos e como sociedade.
Jesus os chama para serem solidários, para se reconhecerem no próximo e por ele se responsabilizarem - para se verem como parte da grande comunidade humana.
Nesse chamado não há etnocentrismo – pescadores de homens – de todos os membros da única raça que existe: a raça humana.
Os alunos de Jesus serão capazes de reconhecer os seus semelhantes em sua dor, em seu sofrimento, em suas circunstâncias.
Os alunos de Jesus, pela graça, pescarão pessoas da situação em que se encontram para que sejam tornados protagonistas da própria história, e agentes de mudança das circunstâncias que geraram, ou em que foram aprisionados.
Sem novo ser humano não há mundo novo. Os que se esqueceram disso levaram uma surra da história.
Ariovaldo Ramos