sábado, 13 de dezembro de 2008

Espiritualidade de Árvore de Natal


Nesta época do ano, as comemorações do natal colorem e enfeitam as ruas, casas, shoppings, praças com luzes papeis brilhantes, bolas de vidro, guirlandas e uma infinidade de materiais dependendo da criatividade de quem produz o espetáculo do comércio de natal.
Dentre todos os símbolos de natal, o que mais me impressiona é a árvore de natal, muitas são as explicações da origem do costume de se enfeitar um pinheiro na época do solstício (21 de Dezembro), a minha preferida é a que relaciona o costume da árvore com Ninrode, diz a tradição que ele era tão profano que se casou com a própria mãe, Semíramis. Depois de sua morte, seu corpo foi cortado em pedaços e enviado a vários lugares. Então sua mãe/esposa reivindicou ser ele o deus-sol. Mais tarde, quando Semíramis deu à luz seu filho Tamuz, exigiu para este o título de herói, o Ninrode renascido. Ela dizia que um grande pinheiro havia crescido da noite para o dia, brotando de um tronco de árvore morta, o que simbolizava a ressurreição de Ninrode para uma nova vida. Todo ano no dia do aniversário do nascimento de Ninrode, Semíramis afirmava que ele descia para visitar a árvore, sempre viva e verdejante, deixando nela muitos presentes. O dia do aniversário de Ninrode era 25 de dezembro – dia do deus-sol.
Mas não quero dar explicações sobre a origem dos símbolos natalinos, e tampouco discutir a conveniência deles. Minha intenção é meditar sobre o que acontece com um pinheiro nesta época do ano. Como algo que é naturalmente belo, como toda criação de Deus, ganha uma maquiagem, uma capa, uma superprodução que torna a beleza divina em algo artificial, mecânico, artificial. Podemos perceber que há uma tendência humana de alterar o curso da natureza e tentar fazer mais bonito aquilo que já é naturalmente belo. São tantos recursos, tantos adereços e luminosidade artificial que fica difícil discernir a verdadeira essência do pinheiro.
Gostamos de enfeitar coisas, quadros na parede, brincos nas orelhas, néon no interior dos carros, etc. Não é fácil ver beleza na simplicidade, é trabalhoso constatar a beleza natural das coisas, e um exercício titânico apreciar o simples o humilde. Somos apegados ao grande, brilhante, sonoro, colorido, complicado, misterioso, enfim... gostamos de tudo produzido.
Tudo bem quando a mania de enfeitar está relacionada a casa, corpo, carro, comércios, mas fica meio estranho quando essa mania atinge a espiritualidade. O que mais tenho visto hoje em dia são igrejas que se parecem mais árvores de natal, cheias de brilho, enfeites, cores, presentes, mas com sua essência ofuscada pelo brilho artificial das manias humanas. Vou resistir a tentação de desenrolar aqui um cordel de acusações contra as práticas comerciais e cinematográficas do evangelicalismo nacional, já deixei bem clara minha repulsa a tais práticas em outras postagens neste blog.
Como é época de natal, e alegamos comemorar o nascimento de Cristo neste período, senti-me tocado a postar algo sobre a simplicidade com a qual Deus entra neste mundo, a forma modesta, simples e silenciosa como Jesus, o salvador do mundo, entrou em cena na história humana. Como testemunhas de sua chegada, um casal sem lugar para se hospedar, alguns animais e um grupo de pastores maltrapilhos, somente isto, não havia nenhum coral humano saudando a chegada de Deus, havia sim um coral de anjos adorando o menino-Deus, mas a apresentação foi vista apenas por aqueles humildes pastores. Deus não se impressiona com luzes, sinos, banquetes e nada do que nossa criatividade possa produzir. Fica claro no episódio do nascimento de Jesus, que Deus não é impressionável, que o relacionamento que ele espera com sua criação não passa pelos cultos elaborados, cheios de ritos e danças hipnóticas, nem pelos mantras extáticos que convencionamos chamar de louvores. Deus não está interessado em ofertas do estilo leilão, quem dá mais em troco desta benção? Deus não está preocupado com o tipo de gesso usado para cobrir o teto do templo, e muito menso com a quantidade de pontos por centímetro do tapete do altar. Enfim, jejuns, luas novas, shofar, coberturas, são tantas bolas de natal coloridas, tantos frufrus... espiritualidade de árvore de natal, do tipo que dura um mês e meio e depois se esmaece no dia de reis.
Fenômeno cada vez mais comum... pessoas compram um monte de enfeites que determinada religião vende como sendo garantia de felicidade eterna, mergulha naquela fantasia durante um tempo, e depois perde a graça, se enche dos pisca-piscas, se irritam com a não concretização do seu desejo de ser abençoado, e joga toda aquela tralha colorida numa caixa empoeirada no interior de sua alma escura, tornando-se então mais endurecido do que antes.
A proposta do natal é totalmente outra, quando Deus decide habitar entre nós a intenção era trazer paz ao coração do homem, simplificar todo processo de pacificação baseado nos rituais, nos enfeites, nos procedimentos e gestuais purificadores. Cristo quer nos dar vida em abundância, retirar todo o impedimento, toda a separação entre Deus e homem. Meu desejo neste natal é que todos quantos lerem esta simples mensagem, se desvencilhem de toda fantasia, de toda artificialidade de relacionamento com Deus, e se deixem expostos, como pinheiro natural, sem bolas ou fitas, que se aproximem com ousadia daquele que já não nos condena, mas ama incondicionalmente. Oro para que Jesus encontre você sem mascaras, sem enfeites, sem luzes piscantes e que ele possa adornar você com as vestes da simplicidade e da paz celestial. Feliz Natal!!!