quarta-feira, 6 de maio de 2009

Caminhante, não há caminho. faz-se caminho ao andar.



DOS PROVÉRBIOS E CANTARES


I
Nunca persegui a glória
nem quis deixar na memória
da gente a minha canção.
Eu amo os mundos sutis,
delicados e gentis,
como bolas de sabão.
Gosto de vê-los pintar-se
de sol e romã, voar
sob o céu azul, vibrar
subitamente e quebrar-se…

XXIX
Caminhante, é o teu rasto
o caminho, e nada mais;
caminhante, Não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
A andar se faz o caminho
e ao olhar-se para trás
vê-se o caminho que nunca
se há-de volver a pisar.
Caminhante, não há caminho,
somente sulcos no mar.

XLIV
Tudo passa e tudo fica,
mas para nós é passar,
passar fazendo caminhos,
caminhos por sobre o mar.

Antonio Machado

2 comentários:

silvania Itaboray. disse...

Paz, querido...Muito lindo o poema.
Como sempre faz boas escolhas...rsrs
Um grande abraço.
Silvania Itaboray.

Nina disse...

very nice indeed... as usual...